sábado, 31 de dezembro de 2011

Deus segundo Spinoza

DEUS SEGUNDO SPINOZA


“Pára de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti. Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti. Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer. Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro! Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho? Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor. Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso? Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti. Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, queteu estado de alerta seja teu guia. Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas. Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno. Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei. E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste...Do que mais gostaste? O que aprendeste? Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar. Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Te sentes olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar. Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações? Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro... aí é que estou, batendo em ti." (Baruch Spinoza)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

OM AH HUM VAJRA GURU PADMA SIDDHI HUM

Mantra de Padmasambhava.Pronuncia-se em português brasileiro: om ah hung benza guru péma siddhi hung. Ajuda a caminhar do não-ser para o ser; das trevas para a luz. Portanto, vai além da dicotomia mundana do ter ou ser. Há um refinamento sutil: não-ser ou ser!

Significação


OM AH HUM VAJRA GURU PADMA SIDDHI HUM
tem significados internos, externos e secretos.
OM refere-se ao corpo.
AH à fala.
HUM diz respeito à mente.
Representam as transformadoras benções do corpo, da fala e da mente de todos os Budas.
Internamente, OM purifica os canais sutis; AH, o ar interno, o fluxo de energia; HUM, a essência criativa.
Externamente, OM purifica todas as ações negativas cometidas através do corpo; AH, através da fala; HUM, através da mente.
Secretamente, OM AH HUM traz a realização dos três aspectos da natureza da mente:

a) OM traz a realização de sua energia e compaixão incessantes;
b) AH traz a realização da sua natureza radiante;
c) HUM a realização da sua essência semelhante ao céu.

VAJRA significa que a imutável e não-dual sabedoria dos Budas pode cortar as ilusões e obscurecimentos sem nunca ser danificada ou destruída pela ignorância. As qualidades e atividades do corpo, fala e mente de sabedoria dos Budas têm a capacidade de beneficiar os seres com o poder penetrante e desobstruído do diamante (a mais forte e preciosa das pedras) e como o diamante a VAJRA é livre de defeitos.

GURU significa importe alguém refleto de todas as qualidades admiráveis que encarna sabedoria, conhecimento, compaixão e meios hábeis. As qualidades inconcebíveis e perfeitas do GURU - o mestre - fazem-no inestimável e superior a todas as coisas em excelência.

PADMA significa lotus e se refere à família lótus dos Budas e especificamente o aspecto da fala iluminada que eles representam. Quando são tomadas de maneira conjunta - VAJRA GURU PADMA - significam a essência e a benção da visão, da meditação e da ação.

VAJRA refere-se à indestrutível essência da verdade que pedimos em nossas orações para realizar em nossa visão. GURU representa a natureza de luminosidade e as nobres qualidades da iluminação que oramos para aperfeiçoar na nossa meditação. PADMA diz respeito à compaixão que pedimos para realizar nossa ação. Então, pela citação dessas sílabas do mantra, recebemos as benções da mente de sabedoria, as nobres qualidades e a compaixão de todos os Budas.

SIDDHI HUM. SIDDHI significa perfeição real, consecução, benção e realização. Há duas espécies de SIDDHI: ordinário e supremo. Pelo recebimento da benção dos SIDDHIS ordinários, todos os obstáculos das nossas vidas são removidos, ao passo em que todas as nossas boas aspirações são atendidas. Complementarmente, todas as várias circunstâncias da vida se tornam auspiciosas, conduzindo à prática espiritual e à realização da iluminação. Por sua vez, a benção do SIDDHI supremo enseja a própria iluminação, o estado de completa realização. Assim, orando para o corpo, a fala, a mente, as qualidades e as atividades dos Budas obterão os SIDDHIS ordinário e supremo.

Finalmente, HUM representa a mente de sabedoria dos Budas e é o catalisador sagrado do mantra. É como o "Assim seja!". O significado essencial do mantra é: "eu o invoco, VAJRA GURU; em sua benção, conceda-nos os SIDDHIS ordinário e supremo". O autor, Sogyal Rinpoche, cita, ainda, Dilgo Khyentse Rinpoche, que reproduzo parte: "...pela recitação das doze sílabas do mantra de Vajra Guru, esses doze elos (da originação interdependente) são purificados e você está pronto para remover e depurar completamente a camada de impurezas emocionais do carma, liberando-se assim do samsara..."

Reflexão
A frágil base espiritual da mente inquieta do homem moderno favorece o karma negativo. É terrível essa percepção. Ao mesmo tempo, porém, é alentadora. O círculo vicioso do karma negativo, por efeito da ilusão a que estamos acometidos, vem com força total. Resultado: menos concentração, menos tranqüilidade, mais anciosidade, mais destemperança, reproduzindo o samsara. É alentadora porque representa o início de um processo de sensibilização. Certamente, a entoação desse mantra com fé e devoção, aliada à prática e mudança de atitudes, oportunizará, no mínimo, a produção de um karma positivo. Poderá representar aconsolidação de um processo de conscientização.

Síntese obtida nas páginas 479 a 482, do O Livro Tibetano de Viver e Morrer, escrito por Sogyal Rinpoche, o qual foi publicado pelas Editoras Talento e Palas Athena, em 1999.