O êxtase interno
Querido Osho,
P.S. Podemos nos encontrar mais tarde num bar?
“Vimal, parece que você bebeu demais, porque nós já estamos no bar! Este lugar somente pode ser descrito como pertencente àqueles que estão embriagados com o divino... Tão embriagados que esqueceram suas nacionalidades, suas igrejas, esqueceram até mesmo quem eles são.
O Vimal está me perguntando se eu posso encontrá-lo mais tarde num bar, mas além deste bar aqui não existe outro lugar tão embriagado com a dança e com a canção divina. O que eu estou lhe ensinando é encontrar a fonte dentro de si mesmo que pode torná-lo um bêbado.
A alegria desta vida, a felicidade e o êxtase pertencem apenas àqueles cujo vinho não vem de fora – esse é muito efêmero, muito temporal, feito com o mesmo material que os sonhos são feitos. Existe um outro vinho que se desenvolve dentro de você. No momento em que você começar a se mover para dentro, não haverá mais necessidade de coisa alguma para torná-lo alheio a todas as misérias que o rodeiam. Não haverá necessidade alguma de qualquer outra droga.
Uns poucos idiotas no Ocidente começaram a chamar uma droga de ‘êxtase’. Bem, isso é absolutamente contrário a todas as leis do mundo, porque êxtase tem sido por séculos um direito autoral do meu povo! E o êxtase não é uma droga externa, ele flui no próprio sumo da vida. Você não tem que mover nem mesmo uma polegada; onde estiver, você poderá estar rodeado por todas as possibilidades de felicidade. E essas possibilidades de felicidade não são temporais; e você não terá uma ressaca amanhã de manhã. Quanto mais você bebe, mais sóbrio, mais sadio, alerta e consciente você se torna.
A não ser que uma droga seja encontrada dentro do seu ser, é muito provável que você vá procurá-la em algum outro lugar. Isso levanta uma questão tremendamente significante. Quanto mais pudermos voltar no tempo, e nos lembrar da história humana, a mais velha e mais antiga escritura é o Rig Veda dos hindus, e ela fala de uma certa droga, o somrasa.
Um dos homens mais inteligentes do século XX, Aldous Huxley, ficou muito interessado em pesquisar o que era esse somrasa, porque os videntes do Rig Veda costumavam bebê-lo e dançar ao redor do fogo. Certamente parece que devia ter sido uma droga, e particularmente para o pensador ocidental objetivo, não poderia ser outra coisa senão uma droga.
Aldous Huxley experimentou todos os tipos de drogas e finalmente decidiu que o LSD parecia chegar muito próximo da descrição do somrasa. Na esperança de que no futuro o LSD fosse mais refinado – porque ele é uma droga sintética, manufaturada; então havia toda possibilidade dele ser melhorado, tirar dele todos os ingredientes que pudessem ser danosos e deixar apenas aquilo que pudesse trazer saúde, totalidade, consciência e um tremendo insight sobre os mistérios da existência... Esperando que algum dia os cientistas fossem descobrir isso, Huxley já o havia denominado de soma, apenas para demonstrar respeito aos antigos videntes do Rig Veda.
Mas Huxley estava profundamente equivocado. O somrasa que é descrito no Rig Veda é certamente uma droga como a maconha que era uma planta nativa nos Himalaias. Talvez ele ainda cresça lá, mas nós não temos sido capazes de encontrar o local onde ele cresce.
E o fogo ao redor do qual eles dançavam, nada tinha a ver com o fogo interno da vida. Eu tenho pesquisado o Rig Veda muito profundamente, com toda a compreensão possível. As pessoas, que ali falam sobre o somrasa e o ritual do fogo, estavam sacrificando até seres humanos, para não mencionar o sacrifício de outros animais. Os hindus, que estão continuamente criando problemas neste país por causa de sua insistência para que se pare com a matança de vacas, deviam ler suas antigas escrituras. Todos os seus sacerdotes matavam vacas em sacrifício ao deus fogo, e todos eles comiam a carne das vacas. Ora, não se pode dizer que essas pessoas sejam meditativas. Eu nego absolutamente o Rig Veda e o prestígio que ele tem na mente dos homens. Porque as pessoas não o lêem e não o analisam, não vêem as suas estupidezes e todos os tipos de desumanidades. |
No Rig Veda as mulheres eram simples mercadorias. Você podia comprar mulheres em qualquer leilão do mercado. Mesmo os chamados videntes tinham muitas esposas, e eles não se | |
satisfaziam com isso. É um estado totalmente feio, esse em que um ser humano qualquer possa reduzir muitas mulheres a um monte de vacas, a um gado. Acima e além de tudo isso, eles estavam continuamente nos leilões comprando belas garotas. |
Ainda hoje, na Índia, existem umas poucas tradições antigas que caíram na mesma falácia como Aldous Huxley. Mas elas foram mais longe que Huxley; as pessoas tomam todo tipo de bebida alcoólica e usam todo tipo de drogas. Chega um momento em que nenhuma droga consegue torná-las inconscientes, nenhuma droga consegue levá-las àquilo que elas têm tentado encontrar – uma maneira de esquecer de si mesmas, esquecer da miséria do mundo, esquecer de todo esse povo. O último recurso é aquele que existe nos Ashrams em Assam; eles são os únicos remanescentes de uma tradição muito antiga. Eles mantêm cobras naja como um último recurso – quando nenhuma droga afeta mais você, é permitido que a naja |
dê uma picada na sua língua. Somente assim você se sente um pouco chocalhado, mas o que causa espanto é que a naja morre. O homem está tão cheio de veneno... Mas, a pobre naja não sabia, senão ela teria escapado. O jovem médico, inexperiente em operações, foi instruído para ficar de pé na cabeceira do paciente de modo que, sem perturbar o caminho, ele pudesse observar o especialista fazer uma operação abdominal. Ele também foi instruído a não falar. Mas, depois de um certo tempo, ele não resistiu e disse: ‘Como está essa parte aí, senhor?’. ‘Tudo bem’, disse o especialista, ‘Por que?’ Existem algumas coisas, sobre as quais todas as tradições proibiram as pessoas de falar, e é preciso uma imensa coragem para ir contra toda a tradição da humanidade. Por exemplo, foi dito a todo mundo para não dar apoio a nenhum tipo de droga, de maneira alguma, e as pessoas têm permanecido em silêncio. Eu nunca soube de uma simples declaração de alguém que ousou dizer que a predominância das drogas demonstra algo imensamente significante e que elas não podem ser simplesmente colocadas fora-da-lei; não podem ser simplesmente proibidas. Mas eu quero declarar isso. OSHO – Om Mani Padme Hum - Cap. 9 – Pergunta 1
Fonte: www.oshobrasil.com.br |
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