sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Terapeuta




Ser terapeuta é entregar-se à escuta e ao acolhimento das necessidades, das dores e ao crescimento humanos. Quando somos muito jovens e inexperientes, queremos curar tudo e muito rápido. Depois, mais maduros percebemos mais claramente os limites de nossa atuação e os dos pacientes. Há prazer pela evolução das pessoas e também pelo efeito multiplicador que isto causa , ou seja: quando alguém se organiza melhor e suporta as tensões do viver, os outros ao seu redor também recebem essa influência saudável.

A auto-observação e a formação são continuas e árduas, porém sem examinar a si mesmo é impossível auxiliar alguém a se conhecer em profundidade. Isto quer dizer procurar o próprio desenvolvimento ao longo da vida, que precisa ser vivida para além dos conhecimentos teóricos. Tanto Sigmund Freud quanto Carl Jung, contemporâneos aliás, eram defensores fervorosos da análise pessoal de quem se aventurasse a desvendar a alma humana. Alertavam para a virulência ao qual o psicoterapeuta está exposto em seu trabalho cotidiano com o inconsciente.

Terapeutas guardam segredos e preservam a sensibilidade, compartilhando experiências nunca antes reveladas. Privilégio nosso, pois somos estimulados por esses segredos, capazes de despertar impulsos muitas vezes relegados a um segundo plano em nossas vidas. Terapeutas oferecem um lugar físico e também um lugar psíquico onde pessoas possam morar enquanto as transformações não chegam.

È possível experimentar uma grande satisfação ao vermos alguém abrir suas janelas internas, descobrindo novas possibilidades assim como suportar com pacientes o fardo de suas angustias, duvidas e energia estagnada. Cada paciente é um desafio, uma oportunidade e se a terapia funciona, ambos, paciente e terapeuta, crescem.

DENISE MOLINO

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